quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Expedição à ESEC Águas Emendadas

Ocorreu em Agosto de 2009 a tão esperada saída à campo do OBSERVAVES à ESEC Águas Emendadas. Por ser uma unidade de conservação de proteção integral, tanto pesquisas científicas quanto a visitação pública com fins educacionais necessitam de prévia autorização. Consideramos a autorização emitida ao OBSERVAVES um reconhecimento positivo às atividades do grupo e mais um sinal de que a observação de aves ganha cada vez mais espaço por ser uma atividade de baixo impacto ambiental e grande potencial para educação ambiental.

Sobre Águas Emendadas

"Águas Emendadas foi criada como Reserva Ecológica, em 1968, com uma área de 10.547 hectares, situada a nordeste do Distrito Federal, a cerca de 50 quilômetros do Plano Piloto, próxima à cidade de Planaltina. Na Estação estão representados, e muito bem preservados, diferentes ecossistemas do Cerrado além de abrigar importantes espécies representativas da fauna do Cerrado, muitas delas em extinção, como o logo-guará, animal símbolo do Cerrado.
O nome Águas Emendadas se deve à existência de uma vereda onde nascem dois cursos de água. Um segue para o Norte e outro para o Sul do país. Fenômeno que ocorre em poucos lugares do mundo, os dois córregos que correm em direções opostas alimentam duas bacias hidrográficas sul-americanas: o córrego Brejinho alimenta a bacia do Paraná e o Vereda Grande, a bacia do Tocantins/Araguaia.  A estação possui ainda em sua área a Lagoa Bonita (foto), também chamada de Mestre D'Armas". Para saber mais sobre a ESEC Águas Emendadas, clique aqui.

Sobre as saídas à campo

Foram realizadas duas visitas à reserva, com aproximadamente 5h de duração cada, ocorridas nos dias 16/08 e 23/08/2009, ambas acompanhadas pelo Sr. Miguel, funcionário da reserva e profundo conhecedor da região. Em 16/08/09 a observação foi feita a partir das margens da Lagoa Bonita e na borda de mata de ciliar vizinha à lagoa. Nessa região observamos com facilidade aves aquáticas e espécies  relacionadas com ambientes alagados e de vereda, também conhecidos como brejos.

Na segunda visita a Águas Emendadas, realizada no dia 23/08/09, visitamos a área campestre conhecida como grid, onde realizamos uma curta caminhada entre as fito-fisionomias de campo limpo e campo sujo. Percorremos ainda um longo trecho de carro, onde as paradas eram determinadas pela presença de bandos mistos ou espécies específicas, incluimos ainda uma breve passagem pelo centro de visitantes e encerramos o percurso na Lagoa Bonita.
Dentre o bom número de espécies observadas e identificadas,  destacamos o casal de Maracanã-do-buriti (Orthopsittaca manilata) vistoriando os ocos de buriti, decerto iniciando mais um ciclo reprodutivo. Apesar de muito possivelmente ser considerada uma espécie localmente comum na reserva, não é fácil avistá-la em outras poucas localidades do DF que possuem ambiente e vegetação análogos. Da mesma forma, observamos um casal de Freirinha (Arundinicola leucocephala) movimentando-se bastante nas proximidades do seu ninho construido pendurado na vegetação seca em um alagado próximo à lagoa. Outras espécies incomuns no DF observadas nas proximidades da lagoa foram a Narceja (Gallinago paraguaiae) e o coleiro-do-brejo (Sporophila collaris). Na área do grid, observamos um casal de gaviões-caboclo (Heterospizias meridionalis), comum em áreas campestres, e presenciamos o seu ritual de cópula.
Números e check-list
Para elaborar a lista dos registros feitos pelo grupo, utilizamos como base o levantamento da avifauna da Estação Ecológia de Águas Emendadas (Braz, V. e Cavalcanti 2001) com a atualização dos novos registros para o local (Lopes et al. 2005), que totalizam 280 espécies de aves. Para efeito de comparação, o grupo avistou durante as saídas 86 - cerca de 31% - espécies já registradas nesses levantamentos e registramos mais 8 espécies ausentes nessas referências, totalizando assim 94 espécies avistadas. As espécies ausentes são: 1. Gallinago paraguaiae (Narceja), 2. Heterospizias meridionalis (Gavião-caboclo), 3. Nystalus maculatus (Rapazinho-dos-velhos), 4. Melanerpes candidus (Birro), 5. Fluvicola albiventer (Lavadeira-de-cara-branca), 6. Griseotyrannus aurantioatrocristatus (Peitica-de-chapéu-preto), 7. Psarocolius decumanus (Japú) e 8. Passer domesticus (Pardal), sendo que o Pardal foi observado apenas no centro de visitantes. Para as espécies 1,3,5,6 e 8 foram obtidos registros fotográficos os quais que estão disponíveis no blog de seus respectivos autores ou acessando diretamente pelos respectivos links acima. Para visualizar as fotos dessas e outras espécies registradas durante as saídas, acesse os links a seguir:

http://jbio.multiply.com/photos/album/25/25
Blog do fotógrafo João Martins
http://rodrigodalves.multiply.com/photos/album/31/31
Blog do fotógrafo Rodrigo D'Alessandro

A compilação dos registros realizados pelo grupo (checklist) está disponível para download anexada a este artigo ou através do link abaixo:


Agradecimentos
Somos gratos ao IBRAM pela oportunidade e autorização emitida para realização das saídas à campo dentro das possibilidades e conveniências do grupo. Agradecimento especial também a cada membro participante dessa empreitada, cuja presença e contribuição foram primordiais para a realização e o sucesso  desse projeto.  Por fim, e não menos importante, agradecemos ao Sr. Miguel, que nos guiou com toda a sua paciência e dedicação que lhe é peculiar, proporcionando-nos momentos muito agradáveis.


Referências
Braz, V. S. e  R. B. Cavalcanti (2001) A representatividade de
áreas protegidas do Distrito Federal na conservação da avifauna do Cerrado. Ararajuba 9:61-69.
http://www.ararajuba.org.br/sbo/ararajuba/artigos/Volume91/ara91art9.pdf
Lopes, L. E, L. Leite, J. B. Pinho e R. Goes (2005) Novos registros de aves para a Estação Ecológica de Águas Emendadas, Planaltina, Distrito Federal. Ararajuba 13 (1):107-108.http://www.ararajuba.org.br/sbo/ararajuba/artigos/Volume131/ara131not2.pdf

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